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Foto do escritorTainá Andery

Doris Salcedo: Memórias da Repressão


Doris Salcedo é uma artista plástica e escultora nascida em Bogotá, na Colômbia, em 1958. Suas esculturas e instalações envolvem utensílios cotidianos como cadeiras, concreto, arames, entre outros, na busca por expressar o caminho de como o trauma é capaz de transformar a vivência cotidiana em algo grotesco. Seu trabalho mostra a tarefa de recuperar a dignidade individual de vítimas da violência, seja esta física ou psicológica, dando presença a corpos ausentes a partir das formas construídas.

NOVIEMBRE 6 y 7, Doris Salcedo, 2002

Aos marginalizados e todos aqueles invisibilizados a todo tempo na sociedade, a artista propõe instalações com base na história do colonialismo e problemáticas sociais advindas desse processo presentes até hoje na Colômbia. Na década de 80, Salcedo presenciava seu país em meio a guerras civis e fortes conflitos internos.

Em 2002, cria a instalação NOVIEMBRE 6 y 7, constituída por 280 cadeiras suspensas por cabos de aço na faixada do Palácio da Justiça em Bogotá no intuito de relembrar os mortos naquele lugar durante um golpe de guerrilha fracassado dezessete anos atrás.


NOVIEMBRE 6, Doris Salcedo, 2001

Noviembre 6, uma composição antagônica, apresenta-se como duas cadeiras com os pés entrecruzados e posicionadas “de costas” uma para a outra. A escultura remete à uma criatura em torção ou um conflito entre indivíduos. À primeira vista, a obra evoca algumas quuestões como "por que justo uma cadeira, um objeto tão comum?". Entretanto, a obra busca retratar a violência como a impossibilidade de se orientar e, a maneira como esses objetos comuns são apresentados, carrega a potência de significação. É a partir da necessidade de comunicar, que a artista elabora objetos comuns até o ponto de se transformarem em outra coisa.


SHIBBOLETH, Doris Salcedo, 2007

SHIBBOLETH, Doris Salcedo, 2007

A intervenção Shibboleth, feita em 2007, consistiu numa rachadura de 167 metros no chão da Tate Modern, onde a artista busca que o observador percebesse o risco, para alguns, de atravessar fronteiras. A artista latinoamericana coloca em debate na luta do estrangeirismo, deixando, literalmente, cicatrizes na galeria inglesa.


Nota: no século XVIII, a palavra Xibolete (Torrente d’água, do grego) foi usada para distinguir duas tribos semitas que viviam em confronto: os gileaditas e os efraimitas. Certa vez, os gileaditas, vencedores da contenda, bloquearam todas as passagens para o Rio Jordão a fim de evitar que os efraimitas sobreviventes escapassem. Os gileaditas então fizeram com que todos os que por lá passassem pronunciassem a palavra xibolete, mas, como os efraimitas não tinham o fonema /ʃ/, pronunciavam sibolete com /s/, sendo assim reconhecidos e executados.

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