Sílvio Romero, nasceu em Lagarto e chegou a fazer ouvir sua voz na elite intelectual do Rio de Janeiro. Provinha de uma família com recursos, que lhe permitiram fazer o ‘ensino médio’ no Rio e Direito no Recife. Depois, foi promotor em Estância, deputado provincial e, já de novo na capital, professor de filosofia no Colégio Pedro II, membro da Academia Brasileira de Letras, membro da Academia de Ciências de Lisboa e muito mais. Deixou incluso escrito seu nome na história da literatura brasileira. Foi, em termos de desempenho, um grande.
Teve um sério problema: foi um pensador racista. Claro que, no século XIX, existia um racismo científico que partia do fato de que se o branco era a classe dominante da civilização ocidental -que se via a si mesma e se mostrava como modelo para o resto da humanidade-, era lógico então que nos submetêssemos à sua superioridade, como o discípulo se submete ao mestre gulia. Dessa base evolucionista, surgiriam umas quantas teorias raciais tão inumanas quanto mentirosas.
Podemos dizer, em honor a dom Sílvio, que sua posição não era das mais graves. A fé na ciência experimental europeia, nas máquinas, na literatura, na tradição filosófica, levou-o a pensar que o branco dominava por natureza e que das outras raças restariam os que se adaptassem darwinianamente a esse maravilhoso mundo.
Ao abrir o Google Map, em Sergipe, vemos que Sílvio Romero foi homenageado por uma rua de seis quadras, no bairro Santo Antônio de Aracaju. Será muito? Será pouco? Merece completo esquecimento? Em Tatuapé, São Paulo, uma praça leva seu nome.
Mas houve outra coisa que complicou bastante a reputação de dom Sílvio. Teve o azar histórico, como crítico literário, de rejeitar a obra de nada menos que seu contemporâneo Machado de Assis. Seu faro artístico, nesse caso, não teria sido dos melhores. Incluso, na biografia que publica a ABL, diz que “chegou a produzir ataques de impressionante baixeza” contra o hoje canônico escritor carioca.
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